Cordel Manguezal Berço da Vida - Autor João Luís Joventino do Nascimento/João do Cumbe - Fevereiro de 2010
O
manguezal é nosso pai
Por
isso temos que respeitar
Todo
filho sabe disso
Falta
apenas praticar
Para
não ficar órfão
Sem
ter quem cuidar
O
nosso manguezal
É
rico por natureza
A
todos ele acolhe
Sem
nenhuma esperteza
Alimentando
o povo
De
toda redondeza
Foi
neste manguezal
Que
a vida começou
De
tudo ele nos dar
E
ao povo despertou
A
riqueza do mangue
Foi
Deus que criou
De
geração a geração
Ele
está firme e forte
Matando
a fome do povo
Construindo
um novo norte
Da
população ribeirinha
É
sinal de muita sorte
De
tudo ele nos dar
Protege
da erosão
Berçário
natural
De
espécies de montão
Auxílio
do pescador
Fonte
de alimentação
Portal
do mar
De
espécies mil
Floresta
de riquezas
Do
meu Brasil
Entre
o mar e o rio
És
valente e viril
Do
Amapá a Santa Catarina
Muitas
histórias a contar
Histórias
de vida e resistências
Sabedoria
popular
Que
encanta muita gente
E
nos dá coragem de lutar
Do
pecador é fonte de renda
Do
rio é proteção
Dos
peixes morada
Seus
frutos alimentação
Ajudando
a todos
Sem
nenhuma distinção
Não
jogue lixo no mangue
Não
destrua o manguezal
Ele
só nos ajuda
Santuário
natural
De
várias espécies suas
Protegendo
contra o mal
O
homem insensato
A
tudo quer destruir
Matando
todo o mangue
E
o rio a poluir
Ele
precisa aprender
Respeitar
sem agredir
Ta
faltando consciência
Da
população brasileira
Respeitar
esse patrimônio
Da
criação primeira
Garantia
de fartura
Do
pescador e marisqueira
Da
sua lama negra
Muitos
retiram seu sustento
Suas
raízes protetoras
Aos
peixes dão alento
Vida
que vem na maré
É
fonte de alimento
Temos
uma grande dívida
Com
o nosso manguezal
Chega
de tantas injustiças
Que
já está fazendo mal
É
dever de todos nós
Respeitar
o natural
Vamos
minha gente
Juntos
darmos as mãos
Fazendo
uma corrente
Contra
a destruição
O
mangue é do povo
Chega
de especulação
Manguezal
é grande empresário
Emprega
gente de montão
Seus
empregos não são computados
Sem
nenhuma explicação
Parece
até brincadeira
Dos
órgãos em ação
Responsabilidade
social
O
manguezal sabe fazer
De
tudo ele nos dá
Sem
precisar se escrever
Basta
ser cidadão
E
aprender com ele viver
Mas
isso não é visto
Por
essa sociedade
Que
fala em progresso
Sem
conhecer a verdade
É
preciso destruir
Pra
se ver a crueldade
Nas
contas dos governos
Não
aparece renda nenhuma
O
desconhecimento é total
Que
nos causa até vergonha
Precisamos
exigir
Uma
lei que se proponha
No
Brasil é assim
Que
as coisas acontecem
Manguezal
não é respeitado
Nem
o que ele nos fornece
Serviços
de montão
Que
ninguém reconhece
Mais
um dia a verdade
Vai
prevalecer
Tudo
que fizeram ao mangue
Vai
aparecer
A
justiça tarda
Mais
não deixa de acontecer
Nunca
vi ninguém preso
Por
destruir o manguezal
A
impunidade é tão grande
Que
chega a fazer mal
A
justiça só acontece
Pro
pobre e marginal
Quem
destruísse o manguezal
Era
pra preso logo ficar
O
crime é tão grande
Que
não se pode afiançar
É
um crime incalculável
Que
nem Deus quer perdoar
Por
isso peço atenção
A
tudo que lhe falei
Defenda
o manguezal
Foi
Deus quem o fez
Pensando
em todos nós
E
nos outros que eu sei
Cabe
a cada um
Saber
valorizar
Esse
santuário ecológico
Entre
o rio e o mar
Berçário
natural
Onde
a vida faz brotar
Por
isso peço apoio
A
toda população
Seja
do mar ou da terra
Ou
até mesmo do Japão
Defenda
os manguezais
Contra
a destruição
Por
isso peço licença
Para
sua casa adentrar
Aprendi
desde pequeno
Esse
ditado popular
Educação
vem do berço
Seja
em qualquer lugar
Vou
por aqui ficando
Obrigado
pela atenção
Não
sou poeta formado
Mais
aprendi a lição
Sou
cidadão de fato
Defendo
o meu torrão
Meu
torrão é o Cumbe
Pode
vim visitar
Aqui
vai encontrar
Belezas
de se encantar
Venha
fazer-nos um passeio
Estamos
a lhe esperar
Agradeço
ao meu Deus
Por
toda inspiração
Inspirados
nos seus ensinamentos
Foi
que tirei a lição
Denunciar
as injustiças
É
promover libertação
Dedico esse cordel aos trabalhadores/as do mangue,
em especial, aos quilombolas pescadores/as do mangue do Cumbe,
a quem muito agradeço pela lição de vida.
João do Cumbe
Cumbe,
02 de fevereiro de 2010.
Comentários