O que fazer nas férias? Conheça a Rede Cearense de Turismo Comunitário

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https://www.brasildefatoce.com.br/2024/01/12/o-que-fazer-nas-ferias-conheca-a-rede-cearense-de-turismo-comunitario

O que fazer nas férias? Conheça a Rede Cearense de Turismo Comunitário

Preços justos, defesa do território e do meio ambiente, cultura e paisagens de tirar o fôlego

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
 
Reserva Extrativista Prainha do Canto Verde, Beberibe-CE. - Foto: Rede Tucum

Você já ouviu falar em Turismo Comunitário? Sabia que no Ceará é possível fazer esse tipo de turismo? Pois é. Essa é uma grande oportunidade de vivenciar de perto o dia a dia de uma comunidade tradicional costeira nesse período de férias escolares. No estado, existe a Rede Cearense de Turismo Comunitário (Rede Tucum) que atualmente possui onze destinos em nove municípios do nosso litoral: Tatatajuba, em Camocim; Curral Velho, em Acaraú; Caetanos de Cima, em Amontada; Jenipapo kanindé, em Aquiraz; Resex do Batoque, em Aquiraz; Prainha do Canto Verde, que fica em Beberibe; Quilombo do Cumbe, em Aracati; em Icapuí há as comunidades de Tremembé, Ponta Grossa, Requenguela e Córrego do Sal. Além dessas comunidades a Rede Tucum também conta com uma parceria com o Centro de Formação, Capacitação e Pesquisa Frei Humberto, em Fortaleza, com uma sala de eventos, hospedagens e restaurante.

Rosa Martins é consultora autônoma, trabalha com educação popular e foi uma das pessoas que atuou na concepção e estruturação da Rede Tucum. Ela explica que a iniciativa nasceu para promoção, organização e apresentação de uma identidade de turismo participativo nas comunidades tradicionais, a partir de uma perspectiva inclusiva e de ruptura com o modelo de turismo convencional que excluía e expulsava as comunidades tradicionais da beira de praia da estruturação do turismo de massa no Ceará. “A luta dessas comunidades que fazem a Rede Tucum vem de muito longe, desde o final da década de 1970 até o início dos anos 1990, quando nós avaliamos que não dava apenas para fazer uma crítica ao modelo de turismo que criava conflitos nas comunidades e expulsava moradores. A gente deveria pensar em um modelo em que as próprias comunidades fossem beneficiárias diretas dessa atividade do ponto de vista da concepção, organização, proposição e benefícios, valorizando, sobretudo, a cultura, os modos de vida e salvaguardando os conhecimentos tradicionais”. Assim, em 2008 nasce oficialmente a Rede Tucum.

Beatriz Goes, moradora da Reserva Extrativista Prainha do Canto Verde é coordenadora da Rede Tucum. Ela reflete sobre os impactos do tipo de turismo praticado nas comunidades reconhecidas como mais visitadas. “Nos lugares muito explorados como Canoa Quebrada, Morro Branco, Jericoacoara, o turismo de massa, vem muito forte e acaba prejudicando, principalmente, o território e o meio ambiente, e essas comunidades tradicionais, não querendo isso nos seus territórios começaram a pensar esse novo modelo mais sustentável de trabalhar com o turismo.”


Dunas em Caetanos de Cima, Amontada-CE / Foto: Rede Tucum

De acordo com a Secretária Executiva da Rede Tucum, Maria Aparecida de Alcântara, “a Rede é uma iniciativa de comunidades tradicionais costeiras do estado do Ceará, que constroem o Turismo Comunitário”. Ela explica que a proposta proporciona às comunidades locais exercerem o controle sobre seu território, sendo diretamente responsáveis por planejar e gerir atividades, estruturas e serviços turísticos em harmonia com os ecossistemas marinhos costeiros. “A Rede Tucum baseia-se em dois objetivos: dar visibilidade às lutas sociais pelo direito à terra e território e oferecer aos visitantes solidários e responsáveis, a oportunidade de conhecer e vivenciar um turismo, comprometido com a justiça socioambiental e valorização da cultura”.

Maria Aparecida explica que a grande diferença do turismo comunitário para o turismo convencional é a valorização da cultura local, o compromisso em interagir, complementar e fortalecer as atividades produtivas tradicionais como a pesca artesanal, a agricultura camponesa e as artes, além de orientar e incentivar relações justas e solidárias entre homens e mulheres, jovens e os mais velhos.

Beatriz informa que quem quiser se hospedar pela Rede, em qualquer uma das cidades, pode fazer contato através do e-mail: redetucumceara@gmail.com ou pelo perfil no Instagram @redetucum que, de acordo com ela, atualmente é onde as pessoas mais fazem contato. Beatriz explica que cada comunidade oferta atividades, algumas semelhantes e outras diferentes. “Onde eu moro, na Prainha do Canto Verde, a gente tem hospedagem, normalmente, quase todas as comunidades ofertam hospedagem, alimentação e trilha ecológica. Onde eu moro também fazemos momentos de rodas de conversa de diversos temas, temos noite cultural e vivências. Cada território faz as suas atividades, também diferenciadas. Tem território que faz o trabalho com a pesca, leva o visitante para fazer a pesca junto com eles, no rio, ou na praia, enfim, cada território vai se adaptando de acordo com seu modo de vida”.

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Edição: Camila Garcia

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