Ata da reunião sobre o Museu Arqueológico do Cumbe (Museu Comunitário)

"Somente após ter sido derrubada a última árvore, somente após ter sido pescado o último peixe, somente após ter sido envenenado o último rio, somente então vamos perceber que não podemos comer dinheiro". (Profecia de Índio)

No dia 09 de julho de 2011 reúnem- se na localidade do Cumbe para discutir o Museu Comunitário do Cumbe: João do Cumbe (professor/morador do Cumbe), Rodrigo (RENAP), Patrícia (bolsista do IPHAN), Ana Cláudia (TRAMAS), Luiz Antonio (artesão da comunidade), Correa (Museu Jaguaribano), José Silvério de Oliveira (morador do Cumbe), Francisco da Silva de Queiroz (artesão do Cumbe), Angela (Conselho de Cultura), Cleomar (Pescadora/marisquiera), Edite (artesã do Cumbe), Luisa (natural de Fortim) e Raimundo Gozanga (artesão do Cumbe).
A idéia do Museu surge em setembro de 2008, com a vinda do parque eólico. Antes das eólicas, já se havia pensado em um museu a céu aberto, no local dos artefatos. A primeira manifestação para o IPHAN sobre o Sítio Arqueológico foi feito ppelo Centro de Memória de Aracati, com apoio do Museu Jaguaribano e a Associação das Marisqueiras. O estudo feito pela arqueóloga Veronica Viana recomendava um estudo de dez anos no locla e que fosse feito o Parque em outro local.
A representação ao Ministério Público Federal, para a preservação do patrimônio cultural /arqueológico foi de outubro de 2008.
Uma equipe de arqueólogos contratados pela empresa recolheu por volta de 41 mil peças. Sendo destacado pela empresa que cerca de 300 peças são boas para amostras públicas. Muitos destes vestígios não podem ser expostos, pela fragilidade.
A Prefeitura não quis ceder o terreno. A Prefeitura que seja na sede do Aracati. Correa disponibilizou o terreno para o Museu. O Ivanildo que é engenheiro levantou o problema que a área é alagada. Tem uma possibilidade de fazer próximo à igreja. Pensou-se também em fazer o museu em palafitas, pois traz uma interação com o ecossistema.
Querem que o Museu tenha também espaços para os artesãos, para as labirinteiras e para as marisqueiras. Querem que o Museu seja um espaço cultural completo. Além dos artefatos arqueológicos, as amostras dos equipamentos de pesca, de artesanato, os estudos acadêmicos que têm no Cumbe, etc. Pensou-se também numa sala de resistência, que mostre as lutas sociais da Comunidade. Deve ter também os moinhos de ventos, referidos pela expedição científica no Império, em 1859. Esta é uma das aquarelas que o pintor desta expedição realiza. Ainda tem ruínas de dois engenhos. O espaço do engenho pode ser uma das possibilidades do Museu. O primeiro oratório católico construído no Aracati foi no Cumbe. Esta informação precisa ser pesquisada. No Museu do Ceará estão recuperando as cartas do Frei Alemão que presidiu a expedição imperial. Tem um jornal de Aracati de 1859, um artigo que fala, impressões sobre o passei.
A construção do Museu deve ser comunitária. Os especialistas devem pensar e realizar o Museu, junto com a comunidade.
Jefersom, técnico do setor de arqueologia do IPHAN, fez um parecer de que a construção do Museu deve ser na comunidade. O entendimento do IPHAN é de que deve ser na comunidade.
Necessita a regularização da pessoa jurídica da Associação.
É importante que se faça abaixo-assinado, para demonstrar esta vontade da comunidade. Será feito também um manifesto que traga a visão da comunidade como deve ser o museu e se pegue apoio de entidades.
Tem que se pensar em espaço para a reserva técnica no Museu.
Na reunião foram mostradas fotos das paisagens do Cumbe, dos engenhos, a ponte do Cumbe que era de carnaubeira de 110 metros (considerada a maior do Norte e Nordeste, que se utilizou 1.200 carnaúbas), de artefatos indígenas, de artesanatos, de calungas (fantoches), da Igreja do Senhor do Bomfim, da Santa Cruz (cruz de aroeira ereta em 1900, onde é o cemitério da Comunidade), do desmatamento mangue, das fazendas de camarão, da terraplanagem das dunas pela empresa do parque eólico, de audiência pública.
Deve se colocar no termo de ajustamento de conduta a acessibilidade aos locais comunitários que estão sendo impedida por particulares e empresas: cemitério, sítios arqueológicos, lagoas, praia, etc. O Parque eólico fez reunião com os bugreiros para organizar a trilha deles pelo Parque. Mas para os moradores do Cumbe não permitem utilizar seus caminhos tradicionais e locais tradicionalmente utilizados.
Discutiu-se que o “desenvolvimento” que trazem para o Cumbe, com empreendimentos como carcinicultura e parque eólico, na verdade, estão trazendo prejuízo, danos, para as pessoas. Só sete pessoas trabalham no parque eólico, sete vigias.
Também colocou-se na reunião os parceiros de lutas das comunidades: Instituto Terramar, CPP- Conselho Pastoral de Pescadores, Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte-CE, Renap- Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares, REALCE, FDZCC, Rede Manglar, Rede Mangue Mar, Departamento de Geografia- UFC, TRAMAS, Ministério Público Estadual, OPA- Organização Popular de Aracati.
Foi colocado também o problema da estrada que está sendo feita está alta irá prejudicar as casas.
Rodrigo da Renap solicitará cópia do parecer do IPHAN que recomenda que o Museu seja no Cumbe e também do parecer da arqueóloga Veronica Viana sobre os sítios arqueológicos. Em seguida, provocará o IPHAN e o Ministério Público Federal para que seja feito termo de ajustamento que garanta o Museu no Cumbe e com caráter comunitário.

João Luis Jentino do Nascimento
(professor/morador do Cumbe)

Luiz Antonio Gonzaga da Silva
(artesão da Comunidade do Cumbe)

Patrícia Pereira Xavier
(bolsista do IPHAN)

José Correa Calixto Lima
(Instituto do Museu Jaguaribano)

José Silvério de Oliveira
(morador do Cumbe)

Francisco da Silva de Queiroz
(artesão do Cumbe)

Angela Maria dos Santos Galvão
(Conselho de Cultura de Aracati-CE)

Cleomar Ribeiro da Rocha
(Pescadora/marisquiera)

Edite Joventino Nascimento
(artesã do Cumbe)

Luisa Gabriel da Penha
(natural de Fortim)

Rodrigo de Medeiros Silva
RENAP

Ana Cláudia de Araújo Teixeira
TRAMAS

Raimundo Gonzaga da Silva
(artesão do Cumbe)

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