Energia eólica

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Parques eólicos no Ceará: energia limpa, jogo sujo com o povo.
"Energia limpa, em cima, porque em baixo é sujeira"
Essa foi a frase que ouvi de uma pescadora em Acaraú, falando sobre a implantação de um parque de energia eólica em sua comunidade.
Os parques eólicos mudaram a paisagem na zona costeira do Ceará. De Icapuí à Camocim, os grandes cataventos marcam as dunas do litoral do nosso estado. Sob um discurso de energia limpa, a implantação desses parques desrespeitas direitos de trabalhadores/as rurais, pescadores/as, as organizações comunitárias e o meio ambiente.
Por trás desses moinhos de vento, um gigantesco processo de grilagens de terras e especulação, que vem sendo investigado em vários procedimentos do Ministério Público Federal e Estadual.
Grandes empresas - diversas multinacionais, outras "de fachada" - se apropriam do território e expulsão famílias de onde sempre viveram.
A sanha pelo lucro dessas empresas sobe a Serra Grande, região norte do Ceará. Em 2013, tive a oportunidade de visitar uma comunidade onde várias casas foram derrubadas, de forma completamente ilegal e arbitrária, a mando de dois advogados da região, que foram presos em flagrante e aguardam julgamento em liberdade (vejam as fotos). Esses advogados pretendem arrendar a terras para parques eólicos.
Agora, estamos acompanhando, pela assessoria de Elmano de Freitas, a tentativa de uma empresa (em associação com diversas outras) de expulsar mais de 250 famílias (mais de 3.000 pessoas), nas comunidade de Tucuns, Pindoguaba e Papagaio, zona rural de Tianguá. Pretexto: construir um parque eólico. De forma completamente infundada, ingressaram com uma ação de reintegração de posse contra 8 trabalhadores rurais, um com mais de 70 anos, por "invadirem" as terras da empresa (!). Felizmente, o Judiciário negou o pedido de liminar e o Ministério Público está atento ao caso (fotos da reunião das comunidades).
Não se trata de negar a matriz energética eólica, mas de se questionar o modelo energético, como muito bem nos chama a atenção o Movimento dos Atingidos por Barragens.
A resistência popular é nosso guia e a luta por direitos nosso meio. Não se pode aceitar que a vida do povo e o território tradicionalmente ocupado seja submetido aos interesses por lucro.
Fotos de Águeda Coelho e Rachel Leão.

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