Preservação sem proteção

Comunicado

A vista de Canoa Quebrada, a mais badalada praia do Ceará, em Aracati, teve implantadas 76 torres de energia eólica nos últimos anos. Energia limpa, ressalte-se, não-poluente, mas que interfere num dos mais preciosos bens do local: a paisagem - o que, aliás, já é comum no litoral do Nordeste. Por conta dessa inescapável condição, as empresas que instalaram as estruturas lá irrigaram os cofres públicos com mais de R$ 1 milhão, a título de compensação ambiental. É justo, observe-se, mas não é por gentileza, já que o pagamento está estabelecido na legislação. No entanto, a comunidade, que aceitou as mudanças, agora quer saber o porquê de ainda não terem sido feitos pelo Governo do Estado investimentos na conservação do patrimônio natural daquela região. A Área de Preservação Ambiental (APA) de Canoa Quebrada foi instituída há 11 anos, pela Lei 40/98, de 20 de março de 1998. Soma aproximadamente 4 mil hectares, compreendendo o trecho que vai da foz do Rio Jaguaribe ao empreendimento imobiliário Porto Canoa. Desde então, não tem sinalização adequada nem espaço e equipamentos, como carro e computador, que ajudem no gerenciamento por parte do Conselho da APA, entidade que integra também os moradores. Enquanto isso, manguezal, praias, lagoas, picos, dunas e falésias e uma vasta vegetação estão protegidas apenas pelo papel que contém a lei. Nada mais do que isso. E a lei, apesar do caráter benfazejo, é muito pouco, considerando a delicadeza do ecossistema.

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COLUNA (31/8/2009)

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