CARCINICULTURA

14/6/2010
A expectativa é de que o Ceará, no fim do ano, se torne o maior produtor do crustáceo do Brasil, ultrapassando o RN

A produção de camarão em cativeiro no Ceará pode crescer, este ano, em até 36%. Ao lado desse aumento, o Estado deve passar também à condição de maior produtor do crustáceo no País, posição até então ocupada pelo Rio Grande do Norte.

Segundo o presidente da Associação Cearense dos Criadores de Camarão (ACCC), Cristiano Maia, a substituição do órgão responsável pela concessão e pela renovação das licenças ambientais e ainda o fechamento de fazendas de cultivo no estado vizinho devem auxiliar no incremento da produção no Estado, que chega a ser absorvida quase que em sua totalidade pelo mercado interno.

De acordo com ele, o retorno da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) como órgão responsável pela concessão e renovação das licenças deve agilizar o aumento da capacidade produtiva no Ceará, isto porque, afirma Maia, "a Semace tem mais estrutura para fiscalização e emissão dos documentos". "Entre 2007 e 2009, a competência para o licenciamento ambiental era do Ibama. Para se ter uma ideia, nesse período, nenhuma licença foi concedida, assim como não ocorreram renovações, e a gente credita isso à falta de estrutura. Para nós do setor, tanto faz um ou outro órgão. No entanto, achamos que a Semace tem mais estrutura para atender. A logística é mais rápida, por isso acreditamos que haja um incremento na produção superior a 30%, por conta das renovações e aumento da capacidade produtiva das fazendas", destaca.

Segundo o presidente da ACCC, a expectativa é de que sejam produzidas em torno de 30 mil toneladas em 2010, ante as 22 mil registradas em 2009. Caso o volume se confirme, o incremento da produção pode chegar a 36%. Entre 2008 e 2009 não chegou a 10%. Um outro fator que deve beneficiar o Ceará a partir deste ano, é o fechamento de fazendas de cultivo no Rio Grande do Norte, até então maior produtor de camarão em cativeiro no País.

"O prejuízo causado pelas cheias no rio Açu, no município de Tendência, fez com que muitos produtores encerrassem as atividades no ano passado. Por dois anos seguidos, as águas carregaram os camarões. Dessa forma, em função do fechamento dessas fazendas, o Ceará deve passar a primeiro produtor do País em 2010", avalia. Atualmente, segundo a ACCC, existem 180 fazendas de cultivo de camarão no Ceará, distribuídas em 5.546 hectares concentradas em cinco polos localizados nos municípios de Acaraú, Coreaú e Mundaú-Curu e nas regiões do Baixo e Médio Jaguaribe. Sendo que 70% das fazendas, explica Maia, pertencem a pequenos produtores, com áreas inferiores a 30 hectares. Ainda segundo ele, são gerados 10.580 empregos diretos com a atividade e cinco mil indiretos, considerando os laboratórios, as fábricas de ração e o transporte para distribuição.

Quanto à produção no mar, o presidente da ACCC destaca que nem 10% do camarão que é produzido no Estado são oriundos dessa fonte. "A preferência pela produção em cativeiro se dá não só pela redução da pesca extrativa, que diminui a capacidade de reprodução no mar, como também pelo aumento da população e consequentemente da demanda."

QUALIDADE
Projeto pretende garantir certificação da atividade

Para garantir a qualidade do camarão produzido no Ceará, a Associação Cearense dos Criadores de Camarão (ACCC) junto com a Associação dos Carcinicultores da Costa Negra (ACCN), a Adece, o Instituto Agropolos e instituições de fomento implementam projeto de certificação da carcinicultura no Estado. A certificadora será a MPS-ECAS, da Holanda, que está com uma base em Fortaleza em parceria com o Instituto Agropolos. No primeiro ano do projeto serão escolhidas dez unidades produtoras de camarão cultivado, para serem aplicados e testados os protocolos e check-lists para que as mesmas possam enquadrar-se aos critérios internacionalmente para produtos certificados. Segundo o engenheiro de pesca, Pedro Henrique Lopes, articulador da Cadeia Produtiva de Aquicultura e Pesca, nesse período os técnicos das unidades produtoras serão treinados em Boas Práticas de Manejo, Boas Práticas de Higiene, manejo e sustentabilidade ambiental, gestão operacional, dentre outros temas. "Esses técnicos terão acompanhamento direto de profissionais ligados ao setor e com expertise nos critérios citados. Haverá pré auditorias para certificar que o planejamento estratégico poderá ter um fluxo contínuo e sustentável", conta. Já a partir do segundo ano, serão contempladas 58 unidades produtoras no Ceará, onde os mesmos critérios definidos na primeira etapa do processo serão aplicados. "Ao fim do projeto pretende-se ter um pacote tecnológico que possa tornar o camarão cultivado cearense como um dos melhores e mais seguros no mundo". (ADJ)


ANCHIETA DANTAS JR.
REPÓRTER

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