ASSASSINATO - IMPUNIDADE CASO JOSÉ MARIA DO TOMÉ

ZÉ MARIA DO TOMÉ: SUA LUTA PERMANECE VIVA, SUA VOZ SE MULTIPLICA E CLAMA POR JUSTIÇA!
Aos dois meses da morte de José Maria Filho, o Zé Maria do Tomé _ como era carinhosamente conhecido e reconhecido como um dos mais valorosos líderes comunitários deste município _ vimos reafirmar junto a toda a população limoeirense e jaguaribana, a presença viva de seu maior legado: o combate à depredação ambiental, ao uso abusivo de agrotóxicos e à exploração imposta pelas empresas do Agronegócio aos trabalhadores e trabalhadoras na Chapada do Apodí.
A violência contra os lutadores do campo, como o companheiro Zé Maria não é um caso isolado, mas, é característico de um modelo capitalista agropecuário implantado no Brasil na ditadura militar e que ganha impulso na década de 70 com a “modernização do campo”, trazendo como conseqüências imediatas: o processo de profunda precarização das relações de trabalho, migração da pobreza do campo para a cidade e fortalecimento do latifúndio. Com isso, cresce a violência dos grandes proprietários de terra, tendo sua impunidade assegurada por poderosos grupos econômicos e pela conivência de governos como o de FHC e o de Lula, nos quais ocorreram os maiores índices de assassinatos no campo. É lamentável constatar que o governo Lula continue priorizando o agronegócio em detrimento dos pequenos agricultores, abandonados à própria sorte, ou reféns de impagáveis empréstimos bancários com juros altíssimos, enquanto aos agro-empresários são concedidos, de muito bom grado, altos incentivos fiscais e isenções de água, luz, impostos etc, somente para gerar subempregos sob o pretexto de um “desenvolvimento indispensável”, cujo preço tem sido o adoecimento e a morte de pessoas.
O brutal assassinato do companheiro Zé Maria em 21 de abril de 2010, reacendeu com força a discussão e a denúncia das graves sequelas sociais e ambientais causadas pelas empresas multinacionais de fruticultura em nossa região, que culminou numa histórica audiência da Câmara Municipal de Limoeiro, dia 12 de maio, quando o auditório da FAFIDAM já não tinha lugar para acomodar o número de pessoas e organizações sociais e representantes de órgãos do governo e das próprias empresas que construíram um caloroso debate com 6 horas de duração, tendo como eixo a discussão do não sancionamento pelo prefeitura de Limoeiro da emenda do vereador Heraldo Holanda à lei municipal sobre agrotóxicos, que proibe a pulverização aérea, já aprovada por aquela casa em período anterior. A referida audiência somente reafirmou de forma categórica o que a realidade já nos mostra a todo momento e, somente os árduos defensores e beneficiários do agronegócio, sob a alegativa de proporcionar "emprego e desenvolvimento” não querem admitir: a de que existe uma situação ecologicamente insustentável e humanamente perversa gerada por este modelo de produção que, além de fazer uso abusivo de venenos, vem se utilizando dessa que é uma das formas mais expostas de aplicação do veneno: a pulverização aérea.
Porém, a despeito de toda uma realidade fundamentada em dados científicos alarmantes apresentados pela Dra. Raquel Rigotto, coordenadora do Núcleo TRAMAS da UFC, a partir de estudos criteriosos e do resultado positivo de n amostras coletadas durante os dois anos de pesquisas na região da Chapada, aliadas á declarações expressas de representantes da justiça e de órgãos governamentais (como SEMACE e IBAMA) acerca da falta de um controle básico, sequer a nível de fiscalização em torno da utilização dos agrotóxicos, os vereadores de Limoeiro, em sessão ordinária do dia 20 de maio, vergonhosamente desaprovaram a emenda de lei por eles próprios criada, por maioria de votos, garantindo assim, a continuidade da malfadada pulverização aérea sobre a cabeça da população, cuja saúde já parece bastante comprometida, inclusive, com estudos associando esta problemática à proliferação de casos de câncer na região.
E diante de todos esses fatos, surgem perguntas que não querem calar: A quem interessa a desaprovação dessa emenda/lei que proíbe a pulverização aérea, que visa unicamente preservar um pouco mais a população dos riscos de contaminação por agrotóxicos? Com essa atitude, estes legisladores demonstram claramente que estão de que lado, afinal? Do lado do povo que deveriam representar ou do lado dos grandes agroempresários das multinacionais em nossa região? O que justifica esta Casa perder a chance de dar um exemplo nacional, criando uma lei municipal que garanta proteger o nosso ecossistema e a população que nele vive?
Para além da indignação, conclamamos pois, toda a comunidade, os movimentos sociais e organizações comprometidas com a defesa da vida e da justiça a se mobilizarem para exigir que seja dada uma resposta política e jurídica a altura de todas essas questões levantadas, que dê conta desse conjunto de fatos aberrantes que têm assolado nossa realidade nos últimos anos. E aqui deixamos mais algumas reflexões: Será que vale a pena o preço que estamos pagando para manter este suposto desenvolvimento? E por que o governo federal não redireciona para os pequenos, os milhões que tem destinado religiosamente ao agronegócio? Por que o estado não cria uma alternativa de empregos para os nossos jovens que, sem perspectivas, submetem-se a trabalhar nessas empresas, em condições tão adversas, expondo-se a toda sorte de contaminação? É esse o futuro (ou o presente) que queremos para os nossos filhos/as? Acreditamos que NÂO!
Assim, queremos reafirmar que a morte do companheiro Zé Maria do Tomé não foi em vão, e que, mesmo que se passem dias, meses, anos, sua luta será levada adiante por aqueles que, como ele, acreditam na vida acima do lucro. A luta continua!
- POR UM NOVO MODELO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA : PELO FIM DA MONOCULTURA PARA EXPORTAÇÃO E DOS TRANSGÊNICOS!
- ABAIXO OS AGROTÓXICOS (VENENOS) E PELA MANUTENÇÃO DA LEI ZÉ MARIA DO TOMÉ QUE PROIBE A PULVERIZAÇÃO AÉREA!
- EM DEFESA DA ÁGUA: ÁGUA É VIDA E NÃO MERCADORIA!
- PELA IMEDIATA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DO INQUÉRITO DO ASSASSINATO DE ZÉ MARIA DO TOMÉ; QUE OS CULPADOS SEJAM PUNIDOS!
ZÉ MARIA: PRESENTE, PRESENTE, PRESENTE!

Assinam: MOVIMENTO ESTUDANTIL DA FAFIDAM / ANEL, CONLUTAS VALE DO JAGUARIBE, SINTSEM, SINTSEMQ...

Comentários

Unknown disse…
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