Ação de reintegração de posse deixa um pescador ferido e um pesquisador preso em área de carcinicultores!!!

A comunidade do Cumbe foi palco da violência cometida pela policia do Comando Tático Rural (COTAR). Os policiais chegaram hoje pela manhã por volta das 8:30, na comunidade, com ordem de reintegração de posse, sem avisar antes, cedida pela Juíza Ana Celina Monte Studart Gurgel Carneiro, da 1ª Vara da comarca de Aracati. Na ação um pesquisador foi preso e um pescador ficou ferido.

O local onde os moradores estavam acampados é uma área de manguezal, titulado como área da marinha, mas segundo o carcinicultor Rubens Santos, área pertence a ele. Em resposta a tentativa de não deixar o carcinicultor tomar o mangue, os pescadores resolveram ocupar a área.
Os pescadores e pescadoras tentaram negociar com os policiais, mas eles foram recebidos com bombas de gás lacrimogênio. O morado João Luiz “disse que só queria saber o que estava acontecendo para negociar com ele, mas não atenderam as reivindicações dos moradores.

No exato momento em que os policiais não negociaram, se se aproximavam um carro com pescadores e pescadoras que vinham prestar apoio aos demais. Com a chegada do transporte os policias atiraram novamente bomba de gás e balas de borrachas atingindo um pescador, com ferimento leve.

Os policiais vieram do local da desapropriação até a comunidade atirando bombas de gás, assim atingindo casas de famílias, com pessoas doentes, gestantes, idosos e crianças, muitos dessas pessoas passou mal precisando sair às pressas de suas casas, indo para outros locais da comunidade.

Enquanto os policiais dispersavam os trabalhadores, os empregados do carcinicultor retiravam a criação de ostras que existiam dentro da gamboa do rio e destruíam a barraca de apoio aos pescadores. Segundo o mandato de despejo as ostras poderiam posteriormente ocasionar contaminação aos camarões nos viveiros.

Os moradores ficaram revoltados com a truculência policial. Após a saída deles os acampados, com as ostras retiradas do rio e resto de madeiras que sobraram da barraca, tentaram impedir ao acesso entre a comunidade e viveiros da fazendo de camarão. Com toda essa ação os empregados do carcinicultor ligam para a policia novamente, e eles retornam a comunidade, com mais violência psicológica, assim invadindo casas e procurando as “lideranças” do ato, assim sem encontrar nenhuma líder, levam um companheiro preso.

Situação da ocupação

Os pescadores e marisqueiras ocupam a área desde março de 2013, ao todo são 27 famílias, que estavam dispostos a defender o seu território dos carcinicultores da região. Com o acampamento montado perto da gamboa o carcinicultor processou alguns pescadores, alegando que estavam ocupando área privada e em 21 agosto de 2013, eles sofreram a 1ª desapropriação, cedida pela comarca de Aracati, realizado pela polícia militar do município, eles chegaram ameaçando atirar nos acampados e passar a máquina por cima deles e de suas barracas se eles se negassem sair do local, o que gerou tumultuo e revolta dos moradores.

Novamente eles destruíram barracas e a criação de ostras, dos moradores. Mas os pescadores, pescadoras e marisqueiras não desanimaram da luta, refizeram a barraca novamente, em outro espaço vizinho, onde não “pertencia” ao carcinicultor.

No dia 07 de fevereiro de 2014, a juíza novamente decretou reintegração de posse, mas a comunidade juntamente com a Organização Popular de Aracati (OPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e Rede Nacional dos Advogados Populares (RENAP), conseguiram eliminar a ordem de despejo.

Por Tiago Pereira!

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