“SOB A ÉGIDE DE ENERGIA LIMPA, EÓLICAS DESTRÓI DUNAS MILENARES DO CUMBE”
João Luís Joventino do Nascimento – Pós-graduando em História da Museologia

Vivemos um momento de busca de fontes de energias renováveis, embora saibamos que muitas dessas fontes de energias renováveis ou energias limpas estão sendo instaladas em áreas de preservação permanentes e sem nenhum respeito às pessoas que moram no entorno dessas áreas, principalmente a zona costeira.
O ceará tem um grande potencial para gerar energia apartir dos ventos, e nessa corrida pela busca das energias limpas estão sendo instaladas em qualquer lugar da zona costeira cearense e sem nenhum estudo de impactos ambientais diversos parques de energia eólica, o que está acarretando diversos problemas para as populações que vivem em torno destes parques. Com um discurso de progresso, geração de emprego e renda o que estamos presenciando é mais uma vez – agora com um discurso de energia limpa, a apropriação de áreas tradicionalmente ocupada por comunidades tradicionais, que a todo custo ver seus espaços e territórios serem mais uma vez tomados por grandes grupos estrangeiros e com recurso público degradar e se apropriar desses territórios que há vários séculos são utilizados por diversas comunidades costeiras que habitam essas áreas, explorando a mão-de-obra local apenas no início da obra e depois de construídos deixam as pessoas sem seus espaços públicos e sem trabalho. Além de uma série de impactos tantos ambientais como social. E sem nenhum critério os órgãos que eram para defender essas áreas, passam a liberar áreas de dunas, faixa de praias sem estudo algum. Vale também ressaltar a destruição de sítios arqueológicos, aterro de lagoas interdunares, desmonte de dunas fixas e móveis, terraplanagem, compactação de dunas, desmatamento de mata nativa, utilização das águas das lagoas interdunares para jogar nas estradas para diminuir a poeira, transito constante de máquinas e equipamentos pesados, poluição sonora e mudança drástica na paisagem local e costeira. E, tudo isso, é feito sem nenhum escrúpulo desrespeitando a cultura local de cada comunidade. Somo a favor das energias limpas e renováveis, mais somos primeiramente a favor da vida do respeito, do convívio harmonioso com a natureza e o meio ambiente. Chega de tantas mentiras, estamos cansados de sermos enganados por um modelo de desenvolvimento capitalista que a todo custo quer dizimar nosso povo e nos tornar escravo desse sistema desumano, sistema do diabo dos nossos tempos.

Comentários

Camila disse…
Olá,

Sou repórter do jornal O Globo e gostaria de entrar em contato com vocês, para falar da questão das eólicas. Por favor, entrem em contato com o e-mail camila.alves@oglobo.com.br, para que possamos nos falar.
Abs,
Camila

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